domingo, 3 de julho de 2011

EXISTE FÓRMULA PARA O SUCESSO? E NO CASO DOS ADVOGADOS?

Relata o Advogado Raul Haidar em seu livro “A Fórmula do Sucesso na Advocacia” (Haidar, Raul. A fórmula do sucesso na advocacia: um manual para todos os advogados. São Paulo: Outras Palavras, 2004, p. 17 a 19):

- Levanta menino! A ordem de meu pai não admitia discussão. Levantei-me de imediato da beira da calçada. Todas as outras pessoas que até então estavam sentadas já haviam se levantado. Minha mãe estava em pé, o seu Francisco, nosso vizinho, sua mulher, o vizinho da frente, seu Ciro, caixeiro-viajante de um laboratório, e até a mãe da dona Ivone, todos haviam se levantado, cerca de oito pessoas. Um homem de terno branco atravessava a rua, na nossa frente.

Esta cena, de uma noite quente em Barretos, nunca saiu de minha lembrança. Menos ainda resposta que meu pai me deu quando perguntei por que todos deveriam ficar de pé quando aquele homem de terno branco passava naquela rua. De forma irrefutável, sem que ninguém ousasse contestar, meu pai me ensinou para sempre, naquela noite de quase cinqüenta anos atrás:

- Todos devem de levantar quando um advogado está passando!

Homem e mulheres e crianças que estivessem sentados, se levantavam quando um advogado passava. Quem estivesse de chapéu se descobria e todos acenavam ou inclinavam-se educadamente, cumprimentando e reverenciando aquele homem que freqüentava o Foro, que discursava com brilho, que lutava pelo Direito, que era, para muitos, a esperança da justiça, a materialização da liberdade.

(...)

Pois foi assim, vendo a figura do advogado não a pessoa, o indivíduo, o homem de terno e gravata, mas sobretudo a profissão que defende o patrimônio, a liberdade e a honra das pessoas, que desde os dez anos de idade eu nunca pensei em ser ou fazer outra coisa na vida. Queria ser advogado, tornei-me advogado e quero apenas isso: viver advogado, morrer advogado!

Mas em um País onde a Justiça nem sempre está presente, em uma sociedade em que preconceitos são cultivados para fertilizar privilégios, aonde as pessoas chegam a ter vergonha da honestidade. Como Rui Barbosa já registrou, é muito difícil ser advogado. Mas difícil ainda é ser um advogado que mereça ver as pessoas se levantando à sua passagem, como sinal de respeito e admiração.

(...)

Na verdade, esta não é uma profissão como outra qualquer. Não se diferencia das demais apenas por causa de sua referencia na Constituição Federal, mas, sobretudo pelo fato que, ao lidar com o Direito como instrumento da Justiça, alcança pessoas, mesmo antes que elas nasçam (quando o advogado defende interesses ligados ou direitos ligados a gestação), até depois que elas morrem (quando se cuida do inventário e da herança, por exemplo).

(...)

A Advocacia, não sendo uma profissão como qualquer outra, e dando aos que dela se dedicam tanta felicidade, merece que a cultivemos com carinho e amor... Esta obra é, em síntese, apenas isto: um canto de amor à minha profissão, a Advocacia!

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